Página 490 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

486
Patriarcas e Profetas
nevolência deles. Então, como agora, as pessoas estavam sujeitas
a contratempos, enfermidade e perda de propriedade; todavia, en-
quanto seguiram as instruções dadas por Deus, não houve mendigos
entre eles, nem qualquer que sofresse fome.
A lei de Deus dava aos pobres direito a certa parte dos produtos
do solo. Estando com fome, tinha um homem liberdade de ir ao
campo de seu vizinho, ou ao pomar ou à vinha, e comer do grão
[390]
ou do fruto, para matar a fome. Foi de acordo com esta permissão
que os discípulos de Jesus, ao passarem num dia de sábado por um
campo de trigo, arrancaram espigas e comeram do grão.
Toda respiga dos campos, pomares e vinhas, pertencia aos po-
bres. “Quando no teu campo segares a tua sega”, disse Moisés,
“e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo. [...]
Quando sacudires a tua oliveira, não tornarás atrás de ti a sacudir os
ramos. [...] Quando vindimares a tua vinha, não tornarás atrás de ti
a rebuscá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. E
lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito”.
Deuteronômio
24:19-22
;
Levítico 19:9, 10
.
Cada sétimo ano eram tomadas providências especiais em favor
dos pobres. O ano sabático, como era o mesmo chamado, começava
no fim da ceifa. Na ocasião da sementeira, que se seguia à colheita,
o povo não devia semear; não deviam podar a vinha na primavera;
e não deviam estar na expectativa quer de ceifa quer de vindima.
Daquilo que a terra produzisse espontaneamente, podiam comer en-
quanto novo; mas não deviam armazenar qualquer porção do mesmo
em seus depósitos. A produção deste ano devia estar franqueada
ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, e mesmo aos animais do campo.
Êxodo 23:10, 11
;
Levítico 25:5
.
Mas, se a terra produzia comumente apenas o bastante para
suprir as necessidades do povo, como deveriam subsistir durante
o ano em que nada colhessem? Para tal fim a promessa de Deus
oferecia amplas provisões. “Mandarei Minha bênção sobre vós no
sexto ano”, disse Ele, “para que dê fruto por três anos. E no oitavo
ano semeareis, e comereis da colheita velha até ao ano nono; até que
venha a sua novidade comereis a velha”.
Levítico 25:21, 22
.
A observância do ano sabático devia ser um benefício tanto para
a terra como para o povo. O solo, ficando sem ser cultivado durante
um ano, produzia mais abundantemente depois. O povo estava livre