Página 19 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Por que foi permitido o pecado?
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Muitos estiveram dispostos a dar atenção a este conselho,
arrepender-se de sua desafeição, e procurar de novo ser recebidos
no favor do Pai e de Seu Filho. Lúcifer, porém, tinha pronto outro
engano. O grande rebelde declarou então que os anjos que com ele
se uniram tinham ido muito longe para voltarem; que ele conhecia
a lei divina, e sabia que Deus não perdoaria. Declarou que todos
os que se sujeitassem à autoridade do Céu seriam despojados de
sua honra, rebaixados de sua posição. Quanto a si, estava decidido a
nunca mais reconhecer a autoridade de Cristo. A única maneira de
agir que restava a ele e seus seguidores, dizia, consistia em vindicar
sua liberdade, e adquirir pela força os direitos que não lhes haviam
sido de boa vontade concedidos.
Tanto quanto dizia respeito ao próprio Satanás, era verdade que
ele havia ido agora demasiado longe para que pudesse voltar. Mas
não era assim com os que tinham sido iludidos pelos seus enganos.
Para estes, os conselhos e rogos dos anjos fiéis abriram uma porta de
esperança; e, se houvessem eles atendido a advertência, poderiam
ter sido arrancados da cilada de Satanás. Mas ao orgulho, ao amor
para com seu chefe, e ao desejo de uma liberdade sem restrições
permitiu-se terem o domínio, e as instâncias do amor e misericórdia
divinos foram finalmente rejeitadas.
Deus permitiu que Satanás levasse avante sua obra até que o
espírito de desafeto amadurecesse em ativa revolta. Era necessário
que seus planos se desenvolvessem completamente a fim de que
todos pudessem ver sua verdadeira natureza e tendência. Lúcifer,
sendo o querubim ungido, fora altamente exaltado; era grandemente
amado pelos seres celestiais, e forte era sua influência sobre eles. O
governo de Deus incluía não somente os habitantes do Céu, mas de
todos os mundos que Ele havia criado; e Lúcifer concluiu que, se ele
pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também levar
todos os mundos. Tinha ele artificiosamente apresentado a questão
sob o seu ponto de vista, empregando sofisma e fraude, a fim de
conseguir seus objetivos. Seu poder para enganar era muito grande.
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Disfarçando-se sob a capa da falsidade, alcançara uma vantagem.
Todos os seus atos eram de tal maneira revestidos de mistério, que era
difícil descobrir aos anjos a verdadeira natureza de sua obra. Antes
que se desenvolvesse completamente, não poderia mostrar-se a coisa
ruim que era; sua desafeição não seria vista como sendo rebelião.